sexta-feira, 9 de abril de 2010
ao entrar na cozinha lá estava ela preparando o pão,
com as mãos firmes amassava a massa branca e macia,
ao fermento cresciam pequenas bolhas de ar
que, manuseadas, estouravam, exalando o cheiro
do fermento, dando o ponto certo para que o pão fosse feito -
e ela, caprichosamente, fez vários pães e os colocou enfileirados,
como se fossem soldados, parados, todos milimétricamente
iguais e parecidos.
o forno aquecido deixava a pequena cozinha abafada
como uma estufa - não só pelo fogo do forno, mas também pelo
calor dos movimentos e de todo amor colocado naquela tarefa
comum, cotidianamente comum.
observei aquela cena: ela de avental, cabelos presos, aquele velho vestido,
na minha mente quando a lembro é nele que a vejo vestida.
fiquei perto da porta,
quase invisível, fartando-me do momento,
mais que do pão que dele viesse, deleitando-me das minúcias de
cada objeto, cada som, cada cheiro, tentando decorar
cada um, numa espécie de déjà vu ao contrário, para que ficassem
impregnados na minha memória.
Fátima N.
___________
imagem*Lumière
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