sexta-feira, 9 de abril de 2010
naquele seis de setembro...
...a vida é uma grande somatória de nasceres, nascemos franzinhos, dependentes de
tudo, do alimento, do colo, e vamos encorpando pelos anos um corpo que será
esteio. e a natureza é tão sábia que nos dá tudo na medida certinha.
nasci menina, quando naquele dia primeiro descobri as formas de fantasia, e
sozinha me escondia no armário, simulando uma grande muralha, meu mundo
particular, onde nada e ninguém poderia me atingir.
nasci adolescente quando as dúvidas permeavam os meus dias e eu tão inquieta
queria entender tudo, queria mudar tudo.
nasci indignação quando descobri o significado da palavra injustiça, quando soube
o que era fome e da impotência diante da intransigência
nasci mulher quando pela primeira vez amei, escolha e escolhida, canto e acolhida,
cumplicidade e uma vida cheia de planos e ilusões.
nasci mãe naquele dia seis, setembro que era, quando você me escolheu, quando
então pude perceber que de todos os nascimentos que a vida me deu, que dentre
todas as luzes que ela me acendeu, nada e nenhuma se compara com o nascer mãe.
e desde então, acordo e durmo, respiro e me alimento de ser sua mãe, de ser sua
cúmplice e mesmo aqui do meu cantinho, sem dizer nada, estou sempre com
pensamento em você, sempre me inquietando com suas angustias, me alegrando
com suas vitórias, rindo seu riso e chorando suas lágrimas.
ganho todas as vezes que estamos juntos, todas as vezes que nas nossas conversas
você conta desse mundo ou da nossa história, passando suas impressões, contando
do seu jeito o que um dia li nos livros.
ganho em ser sua mãe numa honra imensa, que às vezes tenho medo - um medo tonto,
desses que só mãe tem quando pensam que sabem tudo, medo por não poder
lhe abreviar suas dores, medo de não poder colorir seus dias, dirimir suas dúvidas,
mãe é tudo igual...tudo igual.
isso tudo que lhe escrevo, um tanto cansativo, bem sei, é maneira minha de dizer
o quanto amo você, de dizer que não me arrependo um só segundo de ter nascido
mãe e assim seguido.
parabéns meu filho, minha honra. você naquele seis de setembro de mil novecentos
e oitenta e nove me fez a pessoa mais feliz desse mundão.
vinte anos de trocas, em que eu mais aprendi que ensinei!.
e peço que todas as vezes que eu voltar, que Ele me
conceda estar ao seu lado...
(para Luccas, meu amor)
Fátima N.
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imagem*Jean-Luc Elias
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