quinta-feira, 8 de abril de 2010





entretanto ao observar aquela mulher,
que atravessara meu caminho, num vestido
justo - incontrolavelmente justo, foi nessa hora
que me dei conta do quanto me perco em detalhes,
que não fazem diferença alguma.

aquela mulher era feliz - pensei . ela trazia na boca
o vermelho da ousadia - eu não sou ousada.
ela se vestia de panos que eu não me vestiria.
ela insinuava sua condição, que eu não insinuaria.

ah! inveja dela. senti uma incomoda inveja dela.
não sei se ela come de boca aberta - também para quê
saber? ora! mas porque pensei nisso justo agora que
repenso a vida?
deve ser porque no fundo fujo e invento essas coisas
para me preocupar.
não!! ela não deve comer de boca aberta.

raios!! outra vez perdendo tempo com o efêmero
dos atos, com a inquietude do fútil.
olhando aquela mulher me vieram pensamentos - que
nem sei - acho que obscenos, afasto ou então não
conto aqui, para manter o nível da conversa.

o que?? nível? boa pergunta. quem rotulou tudo isso?
sigo, observo - lá vai ela, talvez buscar seu homem,
talvez se esfregar numa dança sensual.
lá vai ela num rebolar que lembra um batuque
de botequim, no pandeiro das cadências.

lá vai ela, vivendo, enquanto eu?
eu observo.

eu só observo e escrevo.

Fátima N.
______________



imagem*sanra

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