quinta-feira, 8 de abril de 2010




"penetra surdamente no reino das palavras"

onde a palavra é ordem,
onde a palavra é chão,

veste mando azul e cobre a imensidão.
"penetra surdamente no reino das palavras"

há um tacho que fumega ao fogo das paixões,
borbulhando as palavras que nutrem os homens
alvoroçam as crianças, inaudíveis caminhos,
sonolentos atalhos,

"penetra surdamente no reino das palavras"

um bonde, um trem, os desejos do além
estar bem, estar mal
ser bom ou ser mau
palavra que sei, palavra que plantei.

deito-me à sombra dos verbos e danço
livremente no campo da poesia.

aquelas todas lidas, todas contadas.
"sou um guardador de rebanhos.
o rebanho é os meus pensamentos
e os meus pensamentos são todos sensações"

"penetra surdamente no reino das palavras"
"coqueiro de itapuã, coqueiro.
areia de itapuã, areia".

são sensações fartas, colegas de quarto,
pratos que trafegam na mente, num olhar dormente.

há poesia em se dizer
e em tudo que se diga, falta um pouco.

"'penetra surdamente no reino das palavras"

eu busco
eu quero
eu posso



um tacho com Drummond, Pessoa, Caymmi e eu.
e eu.
e eu.
e eu.


é, e eu?

Fátma N.

imagem*leninha diniz - praça da língua-
museu da língua portuguesa*

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